quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A desigualdade e a internet


Por J. Bradford DeLong - 27/11/2014

A conclusão de que os Estados Unidos ficaram muito mais desiguais nos últimos 35 anos é inquestionável. Desde 1979, o modelo está claro: quanto mais rica a pessoa era, muito mais rica ficou. E quem era pobre provavelmente continuou pobre.

Mas o mesmo período foi também uma era de acelerada mudança tecnológica. Os EUA estão passando pela terceira revolução industrial, uma conflagração da era da informação que pode ser tão monumental quanto suas predecessoras, que transformaram a sociedade por meio da introdução do vapor, do ferro, do algodão e do maquinário, e depois da combustão interna, da energia elétrica e do aço.

Atualmente, quase todo habitante de um país desenvolvido - e, em breve, a maior parte do restante da população mundial - tem condições financeiras de adquirir, facilmente, um smartphone, conquistando assim acesso barato a um universo de conhecimento humano e de entretenimento que, até uma geração atrás, estava, de longe, fora do alcance de quem não fosse rico. Será possível que os indicadores convencionais de desigualdade e de renda subestimem, por ampla margem, nosso alto grau de bem-estar?

Se eu arriscasse um palpite, diria que, como sociedade, os benefícios que recebemos da tecnologia da era da informação foram neutralizados pela inveja e pelo despeito decorrentes de viver num mundo cada vez mais desigual

De acordo com a economia convencional, a resposta, à primeira vista, parece ser não. Os cálculos de expansão da economia que revelam desigualdade crescente já levam em consideração os gastos com telecomunicações, processamento de informações e entretenimento audiovisual. A menos que os benefícios dos produtos e serviços da era da informação ultrapassem, em grande medida, o que gastamos com eles, o bem-estar que eles proporcionam já entrou nessa conta.

Mas será que esse "a menos que" é mesmo tão despropositado? Quando investimos em nosso bem-estar, não gastamos dinheiro apenas para comprar bens e serviços; destinamos uma parte do nosso tempo livre para usá-los devidamente. Um ingresso de cinema não trará grandes benefícios a quem deixar a sala antes de o filme começar. O tempo, tanto quanto o dinheiro, é um recurso escasso; e, pelo fato de os produtos e serviços relacionados à informação exigirem a atenção do usuário, eles são intensivos em termos de consumo de tempo. Desde o dia em que Homero recitou sua "Ilíada" em volta da fogueira após o anoitecer, ficamos dispostos a pagar caro por histórias, entretenimento e informação.

A era da tecnologia da informação nos deu a possibilidade de investir nosso tempo em recursos que, no passado, apenas os mais poderosos podiam se permitir. Se, no século XVII, alguém quisesse assistir a "Macbeth" na sua casa, teria de se chamar James Stuart, contratar William Shakespeare e sua companhia teatral e ter um teatro de tamanho normal em seu palácio real.

Gastamos, em média, duas horas por dia com nossos aparelhos de áudio-vídeo. Suponhamos, por um minuto, que as oportunidades oferecidas pelo lançamento da internet de banda larga duplicaram, no mínimo, o benefício - o prazer - que obtemos durante esse tempo. Isso equivale a receber duas horas a mais de tempo livre todos os dias, além das dez horas, em média, que passamos acordados e sem estar trabalhando. Considerado em termos econômicos, representa uma elevação adicional de 0,6% do padrão de vida desde 1990, um incremento muito maior que o de 0,2% ao ano que a utilização de indicadores convencionais nos levaria a concluir.

A questão passa então a ser se os nossos smartphones, Kindles, tablets e computadores de fato nos oferecem esse benefício adicional.

Valorizamos o que obtemos de Netflix, YouTube, Facebook e a biblioteca da humanidade on-line de internet muito mais do que o que aprendemos, ouvimos, assistimos ou mexericamos anteriormente pelos meios tradicionais? Assistir à TV sob demanda é mais gratificante do que ir a um cinema? As informações em seu Twitter são mais esclarecedoras do que uma ida a uma biblioteca próxima? Os amigos do Facebook são mais valiosos que, bem, amigos?

Seja qual for a resposta a essas perguntas, há um problema ainda maior. Não consumimos produtos e serviços no vácuo. Parte do prazer que recebemos deles provém da sensação de que estamos subindo de status em relação aos nossos pares. A era da informação não apenas nos forneceu novas opções de entretenimento; descortinou novas visões dos estilos de vida dos nossos vizinhos - e o que percebemos é que alguns deles estão ficando muito, mas muito mais ricos.

Se eu arriscasse um palpite, diria que, como sociedade, os benefícios que recebemos da tecnologia da era da informação foram neutralizados pela inveja e pelo despeito decorrentes de viver num mundo cada vez mais desigual. (Tradução de Rachel Warszawski)

J. Bradford DeLong, ex-vice-secretário-assistente do Departamento do Tesouro dos EUA, é professor de Economia da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, e pesquisador adjunto da Agência Nacional de Pesquisa Econômica.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Homo connectus - Reportagem da Revista Veja 2012



Uma charge em recente número da revista The New Yorker mostrava uma animada mulher, ao telefone, convidando os amigos para uma festinha em sua casa. “Vai ser daquelas reuniões com todo mundo olhando para seu iPhone”, ela diz. O leitor captou? A leitora achou graça? Cartunistas são mais rápidos do que antropólogos e mais diretos do que romancistas. Captam o fenômeno quase no momento mesmo em que vem à luz. O fenômeno em questão é o poder magnético dos iPhones, BlackBerries e similares. O ato de compra desses aparelhinhos é um contrato que vincula mais que casamento. As pessoas se obrigam a partilhar a vida com eles.   Na charge da New Yorker, a mulher estava convidando para uma festa em que, ela sabia – e até se entusiasmava com isso –, as pessoas ficariam olhando para seus iPhones ainda mais do que umas para as outras. É assim, desde a sensacional erupção dos tais aparelhinhos, e não só nas ocasiões sociais. O mesmo ocorre nas
reuniões de trabalho. Chegam os participantes e cada um já vai depositando à mesa o respectivo smartphone (o nome do gênero a que pertencem as espécies). Dali para a frente, será um olho lá e outro cá, um na reunião e outro na telinha. Não dá para desgarrar dela. De repente pode chegar uma mensagem, aparecer uma notícia importante, surgir a necessidade de uma consulta no Google.
O que vale para reuniões sociais e de trabalho vale também para as sessões do Supremo Tribunal Federal. Quem assistiu pela TV Justiça, na semana passada, ao início do julgamento das  Competências do Conselho Nacional de Justiça, assistiu a uma cena exemplar. Falava o representante da Associação dos Magistrados Brasileiros. A TV Justiça, com seu apego pela câmera parada, modelo Jean‐Luc Godard, enquadrava o orador e, atrás dele, quatro cadeiras da primeira fila da assistência. Três delas estavam ocupadas, a primeira por uma moça que, coitada, não conseguia se livrar de um ataque de espirros, e as outras duas por cavalheiros cujo tormento, igualmente
compulsivo, era não conseguir se livrar dos smartphones. (Se o leitor ainda não se deu conta, o melhor, na TV Justiça ou na TV Câmara, é observar o que se passa ao fundo.) Os dois cavalheiros apresentavam reações características do Homo connectus. Um olho lá, outro cá. De vez em quando, um deles guardava o telefoninho no bolso. Será que agora vai sossegar? Não; minutos depois, sacava‐o de novo. E se chega uma mensagem? Uma notícia? Às vezes o smartphone exigia mais que um simples olhar. Requeria o afago dos dedos, naquele gesto que antes servia para espanar uma sujeirinha na roupa, e hoje é o modo de conversar com a telinha. Quando o representante da Associação dos Magistrados terminou o discurso, veio ocupar a cadeira que estava vazia. Agora era sua vez! Sacou o smartphone e, olho lá e olho cá, ele o põe no bolso, tira, olha, consulta de novo, enquanto o orador seguinte se apresentava. O telefoninho esperto vem provocando decisivas alterações na ordem das coisas. O ser humano é instigado a desenvolver novas habilidades, como a de tocar na tela e conduzi‐la ao fim desejado, sem que desande, furiosa e insubmissa. Implantam‐se novos hábitos sociais. No tempo do celular puro e simples, aquele bicho que só telefonava, havia restrições a seu uso. Não em ambientes mais debochados, como a Câmara dos Deputados, por
exemplo, onde sempre foi e continua a ser usado sem peias. Em lugares de maior compostura, os celulares são evitados porque fazem barulho – disparam a tocar campainhas ou musiquinhas e só permitem comunicação via voz. Já os smartphones podem ser desativados na função telefone, mas continuar, em respeitoso silêncio, na função telinha. Daí serem socialmente mais aceitáveis.3
Há uma grande desvantagem, porém. O aparelhinho parte a pessoa ao meio. Metade dela está na festa, metade no smartphone. Concluída sua oração, metade do senhor da Associação dos Magistrados continuou na sessão do Supremo, metade evadiu‐se para o aparelhinho. Pode ser que o aparelhinho lhe tenha trazido informações fundamentais para sua causa. Mas pode ser também que tenha perdido informações fundamentais, ao não acompanhar o orador seguinte. Qual o remédio, para a divisão da pessoa em duas, metade ela mesma, metade seu smartphone? Abrir mão do aparelhinho, depois de todas as facilidades que trouxe, está fora de questão. Se é para abrir mão de um dos dois lados, que seja o da pessoa. Por exemplo: inventando‐se um smartphone capaz de sugá‐la e reproduzi‐la em seu bojo. As reuniões sociais, as de trabalho e as sessões do Supremo seriam feitas só de smartphones, sem a intermediação humana. Delírio? O leitor esquece do que a Apple é capaz.
[Roberto Pompeu de Toledo. Homo connectus. Revista Veja, ed. 2255. 8/2/2012]

Homem Conectus - Inauguração da Ideia

A Evolução Humana é o processo de mudança e desenvolvimento, ou evolução, pelo qual os seres humanos emergiram como uma espécie distinta (se é que a teoria evolucionista está certa...). É tema de um amplo questionamento científico que busca entender e descrever como a mudança e o desenvolvimento acontecem. O estudo da evolução humana engloba muitas áreas da ciência, como a Psicologia Evolucionista, a Biologia Evolutiva, a Genética, as Ciências Sociais, Sociologia e a Antropologia Física. O termo "humano", no contexto da evolução humana, refere-se ao gênero Homo. Mas, os estudos da evolução humana usualmente incluem outros hominídeos, como os australopithecus. 

Antes de adentrarmos nos termos técnicos de cada ciências gostaria de fazer uma reflexão sobre as visões das pessoas sobre o tema Evolução Humana e estágio atual.

A pouco tempo (em 2012) foi publicado na revista VEJA (8/02/2012)  pelo colunista Roberto Pompeu de Toledo uma matéria intitulada Homo Connectus, onde descreve a influência do smartphone( ou computadores portateis moveis) em nossa vida, descrevendo a ação desse aparelhinho no nosso cotidiano. Ao final menciona que tal dispositivo divide a pessoa ao meio; metade está na reunião ou na festa, metade no smartphone.

Na mesma reportagem é destacada a situação onde  uma mãe declara que só conversa com seus filhos pelo Facebook, mesmo quando todos estejam em casa (É realmente um mundo novo). Não preciso ir muito longe... Irmãos que moram na mesma casa que se falam mais por whatsapp do que pessoalmente é situação normal hoje em dia. Na minha época, por exemplo, minha mãe gritava “almoço!!!”, e eu tinha alguns segundos para aparecer, com as mãos lavadas. Pelo que entendi da família moderna, a mãe agora manda uma mensagem de “almoço” pelo Facebook.

Também não consigo esquecer o caso do dançarino Carlinhos de Jesus que ao receber a notícia do assassinato do seu filho entrou no Twitter para informar seus seguidores como estava se sentindo. Eu que sou mais antiquado nem lembraria da existência do Twitter se recebesse a notícia de uma tragédia desta magnitude.

Cada vez mais perdemos o interesse pelo que acontece ao nosso redor e ficamos focados nas mensagens dos aparelhinhos (isso não só com os smartphones, mas com outro gadgets como Maquinas fotográficas, filmadoras, binoculos dentre outros.... Por exemplo, se alguém passar e nos disser “oi” podemos nem perceber. Mas se a pessoa enviar uma mensagem de celular com conteúdo “oi”, aí sim, vamos ver e responder.

Fico espantado quando vou aos restaurantes nos domingos e vejo as famílias almoçando. Cada um com seus aparelhinhos, olhando e teclando o tempo quase todo. Deveriamos criar algumas regras ( de etiqueta ou netiqueta como já vi em alguns sites!?!?) ou tal comportamento é totalmente aceitável para os dias atuais!?

Esta nova realidade da vida deverá provocar algum efeito em quem trabalha por hora como, por exemplo, consultores (como eu). Antigamente (há uns dois ou três anos atrás...) quando consultores estavam numa reunião cobrando horas de um cliente, pelo menos naquele momento estavam envolvidos no assunto do cliente. Atualmente o cliente apenas paga pelas horas, pois seus consultores estarão o tempo todo com os olhos (e dedos) vidrados nos seus aparelhinhos. Se o cliente que está pagando a conta da reunião quiser ter a atenção dos seus consultores ali reunidos, terá que mandar um e mail...

Um livro interessante “Out of our heads”, do filósofo Alva Noë, o autor procura caracterizar a nossa consciência como algo que não está dentro de nossas cabeças, mas que tem a ver com tudo que está a nossa volta. Confesso que não havia entendido bem esse conceito, até que o colunista me fez perceber que uma metade de nós está num smartphone. 


Outro artigo interessante que avaliei foi  sobre Tecnologia vestível é o futuro: Homo Erectus Connectus por André Luís (18/03/2013)


Esses são apenas alguns apetrechos que visualizo no Homem Conectus... Ao longo dos post irei tentar buscar as bases cientificas, as melhores construções antropológicas, sociologicas e filosóficas sobre o tema. Buscarei construir minha tese de graduação totalmente por esse blog onde ao final irei consolidar todas as ideias reunidas em minha monografia de final de curso. 

Abaixo trago algumas figuras e highlights pertinentes.


A evolução humana, ou antropogênese, é a origem e a evolução do Homo sapiens como espécie distinta de outros hominídeos, dos grandes macacos e mamíferos placentários.





Mas em que estágio estamos!? Tentarei nesse blog definir minha Teoria de Estágio de Evolução Humana - "HOMEM CONECTUS"